A recente polémica em torno da implementação do acordo ortográfico trouxe para a vida quotidiana múltiplas opiniões sobre a nossa identidade cultural e linguística. Apesar de ser tantas vezes menosprezada e mal tratada pelos seus falantes, em alguns momentos, erguemo-nos em defesa da nossa língua. Contudo, muitos dos que opinam sobre as recentes alterações, provavelmente, desconhecerão que hoje, dia 21 de fevereiro, se comemora o Dia Internacional da Língua Materna. De todas as línguas maternas, não só do português. De todas as línguas, com mais ou menos falantes, que com elas recortam o mundo.
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Num momento em que tanto se assiste à ditadura do poder económico, as questões linguísticas parecem-nos menores, talvez porque, para nós, recentemente, não tenha havido grandes problemas de identidade daí decorrentes. Mas importa não esquecer que, um pouco por todo o mundo, há povos que lutam pela sua autodeterminação e que a língua, não poucas vezes, é o argumento-chave e o património capaz de contribuir para a sua individualização. Numa Europa que se quer plurilingue, é curioso verificar que o seu coração, a Bélgica, apresenta um conflito, ora mais latente, ora mais visível, em que as questões linguísticas se revestem de grande importância.