Num momento em que tanto se assiste à ditadura do poder económico, as questões linguísticas parecem-nos menores, talvez porque, para nós, recentemente, não tenha havido grandes problemas de identidade daí decorrentes. Mas importa não esquecer que, um pouco por todo o mundo, há povos que lutam pela sua autodeterminação e que a língua, não poucas vezes, é o argumento-chave e o património capaz de contribuir para a sua individualização. Numa Europa que se quer plurilingue, é curioso verificar que o seu coração, a Bélgica, apresenta um conflito, ora mais latente, ora mais visível, em que as questões linguísticas se revestem de grande importância.
Quando quase todo o mundo fala inglês, como segunda língua, faz sentido assinalar este dia, criado para celebrar a diversidade, a diferença e a importância das línguas maternas. A UNESCO e a União Europeia têm traçado políticas linguísticas que promovem essa diversidade e pugnam pela manutenção dessas línguas, algumas delas minoritárias, mas não menores.
Neste contexto, o português, com cerca de 250 milhões de falantes, espalhados pelo mundo, ilustra bem essa diversidade. Para além disso, as novas tecnologias de ensino, nomeadamente o ensino a distância, têm permitido que um número crescente de estrangeiros queira aprender o nosso idioma. E porque estamos numa escola, importa não esquecer a complexidade do processo de ensinar e de aprender a língua materna, porque ela é o objeto de estudo e é através dela que se acede a esse saber e, ouso dizê-lo, ao saber, em geral.
Herdeira de um passado grego e latino, matizado por influências de outros continentes e de outros idiomas, a língua portuguesa é, também, uma língua de futuro, língua de trabalho e de comunicação internacional, um património que importa valorizar e preservar, todos os dias.
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(Professor de Português, Latim e Grego, na ESMTG)