lá dentro,
que o tempo nos consome
e nos faz falta.
Não há chuva morna
nem sol
que nos aqueça, quando
nos falta o sopro,
a luz, a cega fé que nos mantém
despertos, quando
por fora, o corpo
já anuncia a noite mais profunda.
Por isso,
é dentro da cabeça,
cá dentro,
para lá dos céus,
antes que o mar termine,
nesta imensa confusão de meridianos
que nos dói e nos deslumbra,
que se aloja o segredo
indecifrável:
a cor, o som, a luz
que nos conforta,
neste intensamente breve
instante
que é o tempo que nos cabe.
António Mega Ferreira