Faz este ano 100 anos que Gente Singular, de Manuel Teixeira Gomes, foi dada à estampa pela primeira vez.
Trata-se de uma colectânea de contos cujo título recebe de uma das narrativas que a compõem. A acção deste conto tem lugar, principalmente, em Faro e gira à volta das singularidades de uma família, o cónego Simas e as suas manas, através da qual Teixeira Gomes satiriza, de forma exemplar, a sociedade algarvia e, de um modo geral, o provincianismo português da época (finais do séc. XIX, princípio do séc. XX).
Narrativa de um humor inexcedível, fortemente contaminada pelo género dramático, a obra revela Teixeira Gomes em todo o seu esplendor: o grande esteta, o cultor do belo, o crítico mordaz. Não admira, pois, que tenha sido uma das escolhas de Fernando Pinto do Amaral nos seus 100 Livros Portugueses do Século XX.
Este centésimo aniversário da sua publicação é um excelente pretexto para (re)ler esta obra do brilhante escritor que temos a honra de ter como patrono. Aqui fica a sugestão e um excerto (do início do conto) para aguçar o apetite:
“Cheguei a Faro de noite e batiam ronceiramente as nove no relógio da Sé quando eu tangia a sineta de um imenso portão, em casa apalaçada, aonde me conduzira o portador da minha bagagem, espécie de macrocéfalo a quem eu indicara o nome do cónego Simas. […] Após redobrados toques, abriu-se uma janela de sacada onde assomou um vulto negro, soltando um muito admirativo “Ah!” e retirando-se in-continenti. Seguiu-se-lhe outro vulto negro e depois outro e outro, repetindo cada qual, com idêntica intonação, o “Ah!” do primeiro recolhendo-se sem demora.”
Trata-se de uma colectânea de contos cujo título recebe de uma das narrativas que a compõem. A acção deste conto tem lugar, principalmente, em Faro e gira à volta das singularidades de uma família, o cónego Simas e as suas manas, através da qual Teixeira Gomes satiriza, de forma exemplar, a sociedade algarvia e, de um modo geral, o provincianismo português da época (finais do séc. XIX, princípio do séc. XX).
Narrativa de um humor inexcedível, fortemente contaminada pelo género dramático, a obra revela Teixeira Gomes em todo o seu esplendor: o grande esteta, o cultor do belo, o crítico mordaz. Não admira, pois, que tenha sido uma das escolhas de Fernando Pinto do Amaral nos seus 100 Livros Portugueses do Século XX.
Este centésimo aniversário da sua publicação é um excelente pretexto para (re)ler esta obra do brilhante escritor que temos a honra de ter como patrono. Aqui fica a sugestão e um excerto (do início do conto) para aguçar o apetite:
“Cheguei a Faro de noite e batiam ronceiramente as nove no relógio da Sé quando eu tangia a sineta de um imenso portão, em casa apalaçada, aonde me conduzira o portador da minha bagagem, espécie de macrocéfalo a quem eu indicara o nome do cónego Simas. […] Após redobrados toques, abriu-se uma janela de sacada onde assomou um vulto negro, soltando um muito admirativo “Ah!” e retirando-se in-continenti. Seguiu-se-lhe outro vulto negro e depois outro e outro, repetindo cada qual, com idêntica intonação, o “Ah!” do primeiro recolhendo-se sem demora.”
Gente Singular
Esta notícia foi enviada pelo professor Hélder Gonçalves, a quem se agradece.