Quando os críticos de cinema são os alunos

Realista, alarmante, ilustrativo, interessante, comovente, intenso, triste, dramático, chocante, revolucionário, belo e inesquecível. Foram estas algumas das palavras utilizadas pelos alunos do 10.ºE e 10.ºF para classificarem o filme Água. No guião de visionamento do filme por eles preenchido, pedia-se-lhes também que atribuíssem a Água uma nota de 1 a 5. A média das duas turmas foi superior a 4. Cremos que um filme que provoca este impacto junto dos nossos alunos justifica um olhar mais atento.

Água. Water, no original. Filme indiano da realizadora Deepa Mehta, foi nomeado para o óscar do melhor filme estrangeiro em 2005, quatro anos após ter sido iniciado. Depois de um grupo de fundamentalistas hindus terem destruído por completo o cenário onde estava a filmar e de ter sido proibida de o continuar a fazer na Índia, Deepa Mehta teve de «recriar» a cidade de Varanasi e o rio Ganges no Sri Lanka. O primeiro diálogo do filme é este:

Pai: Filha. Lembras-te de te casares?
Filha: Não.
Pai: O teu marido morreu. Agora és viúva.
Filha: Até quando, papá?

O pai engole em seco e não responde. Como poderia explicar à sua filha de sete anos que a tradição hindu então aceite na Índia condenava as viúvas a renunciarem à vida e a não casarem mais? Como explicar a uma criança recém-viúva que a tradição ordena que ingresse numa das inúmeras casas de viúvas para aí esperar pela morte? Como explicar a uma criança que a tradição a obriga a vestir luto para sempre e a nunca mais comer doces?
A cena seguinte mostra-nos a menina (Chuyia, na imagem) a ser deixada numa casa para viúvas. Ela chora e pergunta pela mãe. É arrastada à força e a porta fecha-se.
É o primeiro dia do resto da sua vida…

Esta é uma notícia enviada pelo professor Carlos Café, a quem se agradece.
By : admin /Fevereiro 23, 2009 /projectos /Comentários fechados em Quando os críticos de cinema são os alunos